Este espaço é um testemunho de que até um bordado conta lá suas histórias. Com linha e agulha nasce Zelianarte: um lugar de (e para) quem traz o coração na mão.

Quem é Zeliana?

Há muitas formas de contar uma história: narrativas longas e realistas, contos curtos com uma moral ao fim... e algumas são tão turbulentas que nos fazem perder o fio da meada. Esta aqui, por obra do acaso ou do destino, já parece ter um começo – o próprio fio, nossa matéria-prima mais essencial.
E ele vem de longe. Na mitologia grega, o destino humano é também um fio, tecido, enrolado e finalmente cortado por suas três fiandeiras. Histórias, afinal, têm começo, meio e fim, e o momento do corte de algum modo as definem.
Pois então esta história começa com um corte: em 2006, recuperando-se de uma trombose cerebral, Zeliana foi aconselhada a buscar uma atividade que “lhe desse prazer”. Mas o que é prazer? De onde viria esse estímulo que lhe permitiria reatar as pontas da vida? Há anos sob a garoa de São Paulo, ela acaba por buscar na sua origem cearense um afeto antigo... terra de cores quentes, de ritmos cadenciados e de comida cheirosa – sobretudo terra de bordadeiras, mulheres fortes, empreendedoras, transmissoras de uma rica tradição. Zeliana começa a bordar.
Uma loucura, né?, deixar uma carreira na área da saúde, assim, pra bordar? Era o que muitos pensavam. Carinho, pra bem e pra mal, tem esse efeito colateral que é a preocupação... mas Zeliana continua. E borda. E borda escondido até se convencer de que em suas mãos algo único se concretizava. Agora era só convencer os outros. Em 2008 ela obteve o certificado de artesã pela Subsecretaria do Trabalho Artesanal nas Comunidades (SUTACO), e a mulher não parou mais: em 2013 abriu uma microempresa individual e passou a agregar outras colaboradoras, a divulgar, a ensinar...
Final feliz? Ainda não, que esta história tem muita linha pela frente. Pois tanto bem, tanta melhora, tanta alegria vinda de uma coisa tão singela... não pode ser uma fantasia. Pode? E não era. Zeliana percebeu ali, na realização do trabalho artesanal, uma atividade que movimenta a vida, muda nossa forma de olhar para ela, redimensiona problemas outrora tão grandes – passo a passo, um ponto por vez. Em 2015, ela concluiu sua pós-graduação em arteterapia: uma aposta de que é possível tomar a vida nas mãos e fazer dela algo lindo. Afinal, o fio o mundo dá, mas quem borda somos nós!
Se por ventura o corte que define nosso destino nos pegar de surpresa, é possível arrumar... por que não? Pra tudo se dá jeito, nem que seja de outro jeito. Zeliana achou por bem não fazer emendas na vida (nem nos bordados!), mas acolher o que a sua história lhe ofereceu... O ponto final de todo esse processo – ainda em confecção, diga- se de passagem – é Zelianarte: o lugar onde ela tece o seu trabalho mais bonito.

Em que a Zeliana acredita?

Nascemos em uma época pautada pelo valor: pessoas são números, gastos a serem considerados, índices no gráfico de crescimento. E tudo aquilo que elas produzem também é passível de valoração: o lucro é a cereja de um bolo do qual nem todos recebem sua justa fatia; alguns sequer são convidados para a festa...
Mas a Zeliana opta por existir em outro mundo. Nele, prefere-se “estima” a “estimativa”, “importância” não é uma soma de dinheiro e, sobretudo, “importar” é um verbo a ser preferencialmente conjugado em sua forma pronominal, “importar-se com”. Para ela, os valores são outros...
É justamente essa torção que faz de Zelianarte algo tão especial: a possibilidade de criar outra lógica de produção e consumo a partir do próprio mercado, mais solidária, voltada ao engrandecimento da comunidade como um todo. Nascida da Economia de Comunhão, esta iniciativa busca desenvolver-se de forma competente, ética e sustentável, fazendo da cooperação e das parcerias um modo de valorizar o trabalho do artesão em um contexto econômico no qual os pequenos, quando sozinhos, resistem com dificuldade.
Essa nova cultura não só existe, como este projeto por si demonstra, mas está crescendo. E a ideia é que continue. Já não dá pra sentir um cheirinho bom vindo do forno?

E o que Zelianarte oferece de mais especial?

Sim, é cheiro de bolo. Ou de qualquer outra coisa feita com as mãos e com amor para receber gente querida! Pois a Zeliana gosta de partilhar, e se ela o faz de coração aberto é por saber que está oferecendo o melhor.
As peças disponibilizadas, sejam elas de produção própria ou confeccionadas por parceiros, são todas artesanais. E o que vem de fora passa por um rigoroso critério de qualidade: antes de ser comercializado no Zelianarte, cada produto é avaliado pessoalmente pela Zeliana e deve atender aos seus padrões de exigência; afinal ela não é só uma artesã cuidadosa, mas uma empreendedora que busca alavancar a atividade artesanal em uma cultura tão afim à produção em série.
É por isso, também, que Zelianarte oferece cursos, oficinas e treinamentos no campo do artesanato: capacitar artesãos e fortalecer a classe é um meio de construir autonomia não só para si, mas para a comunidade como um todo. Essa atitude generosa está igualmente na base de seu atelier terapêutico, fundado com a conclusão de sua pós-graduação em arteterapia. A ela não interessa apenas dividir os bens advindos da atividade manual, mas compartilhar um Bem maior – um processo subjetivo que encontra no artesanato uma linguagem produtiva e produtora de novos caminhos, percurso ao qual Zeliana, depois de trilhá-lo e de se preparar para tal, se propõe a mediar.
E tudo isso surge de um simples gesto: bordar, o coração de Zelianarte. Os produtos da Zeliana são bordados em Vagonite, ponto conhecido e utilizado por muitas bordadeiras. Mas um conceito tão especial só poderia nascer de um trabalho ímpar: em suas mãos, a técnica sofistica-se e se transforma em uma delicada trama sem verso, tecida com zelo desde o primeiro ponto até o arremate final. Para não deixar emendas, o tamanho da linha é cuidadosamente calculado de acordo com o padrão do bordado e com a extensão da peça, resultando em um trabalho de beleza, qualidade e excelência dignos de um palácio... mas acessível a todos!
Se deu água na boca, aproveita e marca um café. A Zeliana vai adorar te receber!

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